domingo, 4 de maio de 2014

Gato por Lebre

Essa postagem sai do coração, sem rascunho, sem revisão.
Sem preocupação em agradar ou ser polida. Simplesmente um desabafo de opinião no papel (ops! na rede).
Muita gente já falou sobre isso, e minha opinião é apenas mais uma na multidão, eu sei. Ainda assim, quero expor, porque por mais que se fale, parece que nunca se esgota o assunto, e sempre brotam novos ramos.
Parir é o só começo, e qualquer uma pari, uma vez gestante.
Ser mãe, são outros quinhentos, como se diz.
Fiquei horrorisada com o destrato, posso até dizer desamor de uma mãe com a filha.
Uma bolotinha rosada, de vestidinho vermelho, cabelinhos anelados e bochechas moles de tão gorduchas!
Uma mulher, que a julgar pela atitude daquele momento, não dá pra chamar de mãe. Era enorme e desajeitada, desengonçada, grosseira. Segurava a menina como quem segura um abacaxi. Chacoalhava para cala-la. E quando ela se convenceu que não dava mais para ignorar o pedido de carinho da filha, sentou ela no seu colo, e foi possível ver as marcas vermelhas dos beliscões que ela recebeu em suas coxinhas roliças.
Meu coração doeu. Minha indignação gemeu! Que vontade de fazer alguma coisa!
Fazer o que?
Me apiedei.
Corri pegar meu filho e mostrar sua sorte diferente. Mesmo sabendo que estava alheio aquela cena.
Outras mulheres, mães acredito, também notaram e ficaram indignadas.

Mas, fazer o que?
Estou despreparada para uma situação dessas.

Se adiantasse alguma coisa, eu diria a todas as mulheres que tem vontade de ter filho, como um sonho de consumo, que 50% desse sonho não é sonho, é pesadelo (para algumas mulheres é!). Os outros 50% irão depender de como ela irá lidar com os primeiros 50.

"Parir é fácil". É fichinha!

Abdicar dia após dia;
Fazer escolhas cada vez menos centradas em nós;
Doar-se integralmente;
Abrir mão de necessidades fisiológicas, para atender necessidades fisiológicas dos outros;
Ouvir;
Interagir;
Envolver-se, realmente;
Entrar no mundo deles;
Estudar o mundo deles, incansavelmente, fase a fase;
Ter paciência maior que a de Jó!
Aliás, paciência e segurança. Mas segurança embasada, não empírica. Procurar fazer o melhor implica em ter interesse real no assunto. Pesquisar, seja lendo, conversando, trocando experiências.
SER mãe, de fato.

E quando estamos seguras, mesmo que nunca 100% , eles, nossos filhos, percebem e correspondem.

Mas o que vejo, e o que vi nessa mulher, e infelizmente ela não é um caso isolado, são mulheres que almejam ter a família redondinha do comercial de margarina. Todo mundo à mesa, sorrindo, o papai presente, lindão, barbeado, a mamãe, lindona, esbelta, sorridente, preparando o café da manhã perfeito, made Alice no país das maravilhas, as crianças limpas (sim, limpas), sempre felizes, fazendo um barulho encantador num cenário belamente organizado.

HELLOOOWWWW!

Por mais que essas mulheres digam que sabem que não é assim, eu berro aos ventos:
"Não é assim mesmo! De verdade"

Não vou falar das maravilhas e satisfações da maternidade que são inúmeras. Não vem ao caso. Sabe por que? Porque se não temos maturidade emocional para lidar com essas dificuldades que vem com essa transformação na vida, as maravilhas não são tão maravilhosas assim.
Uma coisa é decorrente da outra.
Estar certa de que será um desafio, o maior deles com certeza, é o começo talvez.

Meu desejo: Não ver mais mulheres assim. Tratando seus filhos como estorvos. Como coisas imprevistas que extrapolam sua vontade e que as fazem passar vexames.
Usar de força injusta, seja física ou psicológica. É tão injusto, é tão ... covarde.
Minha meta: Não ser assim. E se eu for em algum momento, que Deus coloque em minha vida uma pessoa amiga e consciênciosa para me alertar!

Mulheres não comprem gato por lebre.
Filhos não são passíveis de troca. Mas eu sei que vocês sabem disso.

2 comentários:

  1. É isso mesmo!!! Já assisti umas cenas parecidas e apesar de ter a consciência dos laços que unem uma "família" realmente dói ver uma cena assim...infelizmente....por essas e outras minha amiga que estamos tão longe de evoluir..lamentável...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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